terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Capitão gancho
E essa mania de lembrar de tudo feito um gravador...
Eu estou de novo em uma das minhas fases de mudança. Vez ou outra a vida parece muito ruim, sem razão aparente nenhuma. Aí eu entro na fase chata, aonde eu lembro de tudo que me magoou e eu deixei passar sem falar nada e tudo me circunda por alguns dias até eu me achar de novo.
Ontem foi o ápice da fase chata, aonde doeram as risadas do final de semana anterior, aonde eu disse que estava cansada de zoeira e as pessoas riram da minha cara. Como se eu fosse incapaz de tomar boas decisões, me deixaram me sentindo um lixo. E doeu uma dor mais antiga, que nem convém comentar, essa foi vomitada em ácido sobre o causador, algo desnecessário que eu me arrependi de ter feito.
Hoje é o primeiro dia da saída da fase chata, aonde eu tomo decisões que geralmente cumpro, mas que preciso dessa fase pra cumprir. Decisões mais radicais, tipo me afastar das pessoas que me fazem mal, conscientemente ou não, e seguir um caminho diferente, ficar um pouco mais só.
Como toda dor, a minha fase é a de aprendizado. Aonde as peças se encaixam e o que dói faz sentido e o que acalenta ganha maior significação. Como a onda que me derruba e me arrasta pro mar, vai passar, vou voltar a praia mais feliz e mais forte e com um salzinho pra temperar.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
O último nó
Que engraçado, não ter mais o gosto azedo no fundo.
O amor conserta tudo. O perdão. Dá-lo ao outro é dá-lo a si mesmo.
As pessoas podem mudar, acredite nelas.
"Eu te amo, filha" "também te amo, pai"
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
As dores. As mudanças
Meus textos antigos destilam uma coisa estranha, dor, desesperança, é como se a minha cabeça se esvaísse em treva. Por muito tempo a dor foi minha única companhia, por que eu não aceitava outras.
Meus amigos não sabiam o que se passava, eu não sabia o que se passava. À exceção do Rafa, que por algum motivo sempre esteve lá e conseguiu atravessar a parede de dor que eu pus ao meu redor sem dizer palavra. Gostaria que morássemos mais perto, gostaria de poder vê-lo achar um rapaz que valesse a pena, se casar e a mimar seus filhos e sua pequena família, por que ele fez muito por mim. Mas esse texto não é sobre ele.
Por muito tempo eu via somente a dor, e nela somente desespero. Por muito tempo eu não sorri e não vi motivos para isso, eu me cerquei de medos. E, de repente, em 2014 eu sou essa pessoa tão feliz. Comigo, com as minhas escolhas, com o que eu posso e não posso mudar. Como?
A dor, que eu achava que era uma punição, era na verdade uma grande lição. Cada problema, físico, emocional, familiar, ia me ensinando aonde eu podia chegar ou não, o quanto eu podia aguentar. Olha, foi bastante.
Mas não me matou. Me ensinou que o medo era inútil, que o que era ruim tinha que existir pra gente ver o que era bom, que as pessoas mudam, sim, as vezes pelo amor e as vezes pela dor. Eu aprendi que o mundo gira e que eu posso ficar bem, afinal é só uma escolha.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Sobre abusos, piadas e conversas
Estive em um evento, uma espécie de happy hour no meio da rua com algumas amigas durante o final de semana, sorrimos, conversamos e nos divertimos bastante. Deste evento tirei algumas fotos. Uma delas, de uma amiga loira, com o busto grande, sorriso aberto, levemente alcoolizada. Diversos rapazes curtiram a foto, no facebook e no instagram e alguns vieram comentar comigo - como se fosse do meu interesse, os atributos físicos da moça. Houve aquele que viesse me dizer que ela "estava super gostosa" como se: 1- isso fosse do meu interesse 2- essa falta de respeito tivesse para mim a menor graça. Novamente hoje, desta vez uma pessoa ao qual tive sempre admiração, alguém que deveria saber o peso das palavras, um escritor, perguntou-me se eu poderia "apresentá-la". Sabe "pega ali da vitrine, vendedora, que eu quero testar".
Mas o que as duas histórias tem em comum? Vamos a algo bem simples, meus amigos, tais reações não são só absurdas e nojentas, são machistas. O mesmo machismo que diz, por senso comum, que minha amiga está "na vitrine" para que o macho da vez a escolha e a vendedora (eu) vá buscar, diz ao homem da padaria que eu estou na vitrine, e ele pode ir me buscar.
Ah, mas que exagero, são só cantadas, é só uma piada. Suas piadas dizem que é engraçado que eu todos os dias eu tenha violado o meu direito de ir aonde quiser, vestir o que quiser, sair a hora que quiser. Suas piadas retiram a minha capacidade de reação, chamando minha indignação de "mimimi de feminista". Suas piadas estupram e matam, e dizem em alto e bom som que a culpa foi da moça, afinal ela bebeu demais, ela postou foto no facebook, ela estava usando um decote, ela foi a padaria sem um macho que lhe defendesse.
Eu nunca sofri nenhuma violência física, o homem da padaria não me atacou, porque eu não tenho medo. Quantas pessoas tem medo, quantas mulheres se encolhem e se deixam agredir por que poderia ser pior? Todos os dias passo pela violência moral por ser mulher, e não, isso não é risível. E não, eu nunca vou me calar, ou cansar de reclamar.
De todas as cores e tamanhos elas me escalam lentamente
a água não as afasta
elas sobem até a canela e de lá estou em outro lugar.
O sonho mudou
Respiro fundo.
Tenho nojo,
tenho raiva.
As vezes acho que nunca vai acabar
Perco a fé e a vontade
Canso-me de lutar
Mas não me entrego
Não haverá trégua
Só haverá a paz ou a completa destruição
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Fogo
Você pode me chamar,
me abrir espaço,
Não pode me dominar
Não pode me conter
A lava que corre solta petrificando a carne dos homens
O fogo que lambe seus envoltorios cozinhando-os
O brilho que os fascina
E o dragão fera que devora seus corações
Aqueça-se
Alimente o brilho que te fascina
Entregue-se e adormeça
enquanto recebo sua carne e liberto a sua alma
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Índigo
Meus pensamentos,
meus (des)conhecimentos,
as mentiras que às vezes me conto.
Nua
Transparente.
Como alguma arte grotescamente esculpida no cristal
Inédito
Perturbador
E as barreiras?
Não portões de gelo
Mas sólidas portas de madeira
Como vêem por dentro delas?
Não que de alguma forma soubesse verdadeiramente mentir
Mas agora o silêncio fala
E as palavras
são meros confirmadores
Ser cristal
Ser decifrável
Acostumar-se
Quanto mais a luz passar
mais transparente
Bem vinda, mudança
Remexa tudo que precisar
Amor é cumprir a promessa
Comecei A culpa é das estrelas. No exato momento em que "Amor é cumprir a promessa" me chamava a atenção, me foi enviado outro texto, sobre outro tipo de amor, um tipo que muita gente até não chamaria de amor.
Mas amor, ah amor é tão livre. Palavra, sentimento, sorriso, abnegação, prazer... Tudo pode e até deve ser chamado de amor, ou a palavra enferruja. O conceito torna-se fétido, mofado.
O meu tipo de amor é o amor que cresce. Do meio da terra aparentemente seca, a flor que brota sem convite, e que nem por um segundo se duvida que pertença àquele lugar.
É necessário que haja para este não a pressa e a paixão avassaladora -essas serão aceitas e muito festejadas se resolverem aparecer.
Quem tem pressa logo passa. Amor é fazer durar, seja ele casto, puro, fraternal ou mesmo devasso, o que é que tem? Amor é gerar o sorriso a cada lembrança.
Amor é ir até o mais longe que der, e não duvidar. Amigos, irmãos, amantes... Amor é somar-se ao que ou a quem se ama. Não completar-se. Completude vem de si, e só para si.
Amor vem para o outro...Amor é cumprir a promessa.